Kuan Chuan- A arte da lembrança do passado, para uma vida futura!

                        

     O mundo vem passando por uma série de transformações, na maioria delas, sendo criadas por uma vida competitiva, acelerada e  provocando perdas de valores básicos, que reflete de forma substancial a sociedade caótica em que vivemos! As buscas interiores que lapidam nossas vidas e criam nossas identidades como indivíduos, agora são deixadas de lado, dando lugar às diferentes prerrogativas, na maioria dos casos, em busca de valores sociais, financeiros, profissionais!

                                  A vida sedentária, a falta de iniciativa levam as pessoas ao declínio emocional, estafas mentais e pior...As doenças psicossomáticas como depressão, ansiedade e pânico! 

                                  Com isto, a individualidade ocupa a vida humana mas em sua pior expressão, a solidão, solidão coletiva que muitas vezes acabam refletindo mesmo entre amigos e familiares. 

                                   Este Blog busca levar à todos os seus visitantes, uma ideologia diferente das artes ditas marciais, que para mim é "Arte da vida e não arte da morte", muito mais hoje, em que a insegurança social e urbana atinge ponto épicos da história. O kung Fú diferente do que muitos possam pensar, é uma conduta de vida, uma maneira de visualizar o mundo em que vive de uma forma mais ampla e uniforme, não resume-se apenas em movimentos de ataque e defesa, nem tão pouco em movimentos que imitam animais, é muito mais que isso, o Kung fú é perceber o silêncio, absorver os ruídos alem da audição, é estar em harmonia com o invisível, rastrear a natureza mais íntima do ser, criar de forma sustentável uma vida mais saudável para o corpo, para mente e a alma!

                                   Pratico o Kung Fú já fazem 35 anos, conheci grandes Mestres, grandes monges e filósofos da espiritualidade humana, todos sempre me indicaram um caminho para seguir, "O caminho da observância", sigo por este caminho a décadas, percebi que após ter me tornado um Mestre de Kung Fú, faltava-me algo muito sutil, que até então não sabia descrever, mas hoje sei, é a maneira de caminhar nesta estrada, muitos caminhos nos levam ao conformismo, outros a desistência, mas por outro lado, parece que somos capazes de saber que caminho tomar, mas não sabemos quais passos devemos dar nestes caminhos escolhidos. O Kung Fú gerou em mim a percepção de qual passo devo dar, em que momento parar e em que momento seguir! Como?

                                    Alguns anos atrás conheci um monge chamado Liu San Pak, era ele um monge budista que vivia em Nova York, em uma das minhas viagens para lá, fui apresentado a ele, por horas conversamos, entre muitos assuntos, em um determinado momento me disse: - "Makáo medite e resgate-se, olhe para trás como um filme sendo visto de frente para trás, busque ir mais distante possivel de seu passado, o mais distante que tua memória possa te levar, busque detalhes de tua vida, pessoas que conheceu, pessoas em que manteve laços, pessoas que voce apenas  disse olá, volte as suas origens, desde o primeiro passo, resgate-se e voce terá total consciência de quem voce realmente é... e não a pessoa que acredita ser!" Neste momento percebi que tinha em minhas mãos um dos maiores segredos do Kung Fú, da filosofia oriental e do próprio Tao! A Arte chamada de "Kuan Chuan". a "arte da lembrança".

                                     A memória é uma caixa que dificilmente abrimos, quando resolvemos abrir é para colocar mais informações, muitas vezes guardadas mas jamais usadas! Comecei a praticar o Kuan Chuan toda noite ao me preparar para deitar, como o monge havia me dito, relaxava e revia o dia todo, como uma fita de video ao contrário, até chegar naquela mesma manhã quando havia acordado, com detalhes, o que comi, o que toquei, por onde andei, o que pensei, como agi, quem toquei ou olhei, tudo sem afobação, consegui visualizar aquele dia do fim para o começo, fiz isto por dias, até que comecei a retroceder na memória dias, semanas e anos de minha vida, percebi minhas mudanças, reconheci sentimentos e aflições, alegrias e contentamentos, lembrei-me de coisas que nem sequer imaginava, lembrei-me de ensinamentos de meu Mestre, percebi então, o quanto havia me esquecido de mim mesmo!

                                       Esta prática (Kuan Chuan), é muito praticada por monges e Mestres de alto grau de conhecimento, mas resolvi tocar neste assunto para dar a oportunidade para todos, de ir em busca de si mesmo, do seu CHI, de sua energia interior que esquecemos no decorrer de nossas vidas!

                                       Todos podem praticar, não ter preguiça de se lembrar, nem tão pouco ter medo de se ver no espelho da alma, não escolher as memórias mas deixar fluir! Lembrar-se de coisas que parecem insignificantes hoje, mas que no passado era extremamente importante para voce!

                                        Mudamos sim, sem perceber, isto é triste, pois sempre mudamos para pior do que podemos imaginar! Quando criança adorávamos um desenho na TV, voce se lembra? pois é, hoje se teu filho ou filha está assistindo o mesmo desenho, voce pede para trocar de canal para assistir as desgraças do mundo...resgate-se, resolva-se praticando o Kuan Chuan, não é dificil, siga as instruções de sua alma!

                                       Deite-se relaxadamente, respire tão lento que voce mesmo não escute  sua própria respiração, não mexa o corpo, fique estático, nem um dedo sequer deve ser movido, faça isto em um momento de perfeito silêncio! Comece lembrando-se como voce chegou até a cama naquele momento, em seguida lembre-se como chegou no quarto, da onde veio, o que fez antes de chegar em sua casa, onde estava e com quem estava, o que conversou, assim por diante até chegar no inicio daquele dia! Perceba detalhes, gestos, dúvidas e irritações, se perceba como mero expectador de seu próprio dia, não escolha sentimentos e nem tente mudar a memória, viva o fato da memória como realmente foi, sem fantasias ou desculpas emocionais! Isto é KUAN CHUAN, redescobrir-se olhar para trás sem se esquecer de quem é, não mudar sua essência!